segunda-feira, fevereiro 8

Inexistência.

                           Me sinto cansada! Se pudesse, dormiria o dia todo pra sonhar.
Minha cabeça agora é minha morada, não quero mais encarar o mundo fora dela.
Escuto as músicas mais entristecedoras que eu pude encontrar. Elas me ajudam a lembrar momentos que eu deveria esquecer, mas que por mais que eu tente, não consigo, então hoje, me entrego a eles.
Meu coração esta apertado, o sentimento de perda é maior do que tudo que eu ja pude sentir um dia, agora eu vejo, que é maior, até que o amor. As lágrimas fluem dos olhos vermelhos tão facilmente que já não consigo esconder, minha maior vontade é encostar minha cabeça em qualquer peito amigo e contar minhas mágoas até que elas acabem e tudo pareça estar fora de mim. Queria que essa coisa pesada que esta em mim saísse conforme as palavras escapassem da minha boca.
                        Agora entendo como o sentimento de dor, pode ser maior que a dor física, já que para essa, remédios já existem, mais para a que eu sinto agora, nada foi encontrado. Nenhum comprimido vai tirar isso daqui de dentro e eu não entendo como uma coisa invisível pode ser tão intensa.
Meus ombros estão retraídos, eu pareço querer encolher, querer caber em cada pequeno espacinho para poder me esconder, para poder fingir inexistência, e quem sabe, inexistir de verdade, talvez se eu esquecer de mim, esqueça de você também.

quarta-feira, fevereiro 3

Amour Instantané IV


-Teoria do nós. Conclui ela.
-Eu acho uma besteira essa sua nova teoria, pra mim, eu era o filosofo de balcão de bar, não era?
Ele estava impaciente aquela noite. Se ele fosse do sexo feminino, juraria que ele estava de TPM, daquelas bem bravas que te deixam com o peito tão inchado que você não consegue deitar de barriga pra baixo e com tanta dor de cabeça que teu único desejo é dormir a semana inteira.
-Eu sei que é uma teoria meio individualista, mais é real, e você é o filosofo do balcão de bar, eu sou a filosofa da cama de apartamento.
Ela ficava inspirada para teorias as 4 da manhã com uma garrafa de Wisky jogada no chão, e ele deitado ao lado dela em sua cama favorita nos ultimos meses - a cama dele-.
-Não faz sentido, "EU" e "VOCÊ", a a mesma coisa que "NÓS".
Ele reclamava levantando da cama descalço e abrindo a gaveta que escondia mais uma garrafa.
-Pense bem, a uma grande diferença entre as expressões no sentido real da coisa de "EU" e "VOCÊ", enquanto "eu" sou "eu", eu posso sair com as minhas amigas, sem você me incomodar, posso falar com todos os meus amigos sem você sentir ciúmes, posso fazer merda sem você reclamar e posso tomar minhas decisões sem você opinar nelas.
Ele deitou novamente ao lado dela com 2 copos, 2 pedras de gelo em cada copo, a garrafa, e por um milagre pareceu se interessar na 'real' historia da teoria dela, pois calou a boca e ficou olhando pra ela com aquela cara de quem não entendeu por que você parou no meio da sua historia.
Ela continuou;
-Enquanto "você" é "você", você pode sumir do mapa por 3 dias sem me ligar pra falar se esta vivo, pode sair com alguma loira peituda sem ter que me dar muitas explicações, e pode raspar a cabeça sem se preocupar se eu vou querer te largar por que você fez essa merda, afinal de contas, apesar de estarmos juntos, você é "você" e eu sou "eu".
-Agora explica o "NÓS"!
Ele disse bebendo mais um gole;
-Quando somos "NÓS", as coisas começam a ficar estranhas, ja que não somos mais eu e você, e sim "nós", uma junção do que somos, e aí as brigas começam, os pedidos de desculpas tem que ser freqüentes, já não temos mais tanta liberdade, teremos que dar satisfações.
-Então, "eu" e "você" é um compromisso não-sério e meio individual de cada um, mas "nós" é uma coisa séria, altruísta, onde os dois indivíduos devem mais respeito ao outro, sendo obrigado a dividir tudo.
-Sim, agora você chegou exatamente na grande diferença, na minha teoria de "eu" e "você" e "nós".
Sem tirar a expressão pensativa do rosto ele perguntou a ela;
-E qual das duas você prefere?
-Isso depende do nivel de comprometimento de ambos os individuos, se eles acham que se amam, e que esta na hora de compartilhar e deixar o individualismo de lado, é porque esta na hora de ser "Nós".
Ele riu alto e reclamou;
-Eu fiz uma pergunta individual, não quero mais teorias, eu quero a sua opinião sobre o nosso 'não-individual' e o nosso 'individual', acho engraçado o seu modo de fugir das perguntas diretas.
Ela ficou sem graça, apesar de não querer admitir isso, ela tinha até percebido a direção da pergunta, mas como sempre, ela estava fugindo do assunto principal, ela queria, que ele quisesse, ser "nós".
-Eu não estou fugindo, estou dando a minha sincera opinião, se nós estivermos prontos para ser "nós', acho que deveríamos ser "nós" se não, não.
Ela era assim, sempre deixando a peteca na mão dele.
-Eu acho que devíamos ser "nós", se você quiser ser "nós".
Ela mal podia aguentar o sorriso que seu rosto insistia em querer dar, certo que aquele não era um pedido de namoro formal -deixando claro que não era aquilo que ela esperava /bem, talvez um pouquinho/- mais ja era uma deixa para eles deixarem de ser "eu" e "você" e ser um nós.
Finalmente ela iria poder proibir ele de sair com aquele amigo tarado dele que fica dando em cima de todas as garotas que ele vê na frente.
-Podemos tentar ser "nós". Ela disse olhando para o outro lado tentando esconder os olhos brilhando.
-Okey, então que tal pegar mais uma garrafa pra gente comemorar?
-Ei, só porque somos "nós" você não pode mandar em mim.
Ela reclamou.
-São as 'reações adversas' de ser um "nós".
Ele disse sorrindo da cara de brava dela. Ele iria gostar dessa coisa de "NÓS" afinal.