terça-feira, maio 31

Mais uma vez.

Enquanto eu colocava minhas meias, último passo para irmos embora, ele deitou no meu colo dizendo "espera mais um pouco".
Esperei.
Eu vi o sol se por naquela tarde, em silêncio, eu sentia uma lágrima correr pelo cantinho do olho direito.
Não.
Eu não estava chorando.
Eu só estava em silêncio, pensando, sentindo.
Mais um beijo.
Mais uma vez, eu pedi, eu precisava.
Só mais algumas palavras e sorrisos jogados pelo ar frio, pelo início da noite gelada.
Só mais alguns passos me separam de casa.
Eu não quero mais dar passos, só queria ficar.

Dia 29.

- Eu te amo.
Confesso que meu peito tremeu. Ele só podia estar brincando.
- Eu também te amo.
O que mais eu poderia dizer?
- Não, eu te amo, eu estou falando sério.
- Eu também estou, você é meu amigo, me sinto bem com você.
- Como mulher, não como amiga. Eu acho que se aquelas coisas não tivessem acontecido, poderíamos estar juntos, talvez não namorando, mas juntos.
- Brigaríamos demais, e isso seria engraçado, mas teria sido legal.
Eu realmente acreditava que teria sido legal.
- Eu tenho ciúme, não gosto de pensar em você com algum cara, não queria ninguém com você.
- Eu também tenho ciúmes, mas vamos ter que conviver com isso.

Eu só queria lembrar, eu só queria saber como teria sido!

quarta-feira, maio 18

vivendo mais'

Tenho ficado muito tempo parada, olhando pro nada, sem escutar ninguém.
Tenho vivido muito pouco a realidade.
Tenho andado demais com os pés fora do chão.
Tenho passado muito tempo no claro.
Tenho visto cores demais no mundo.
Tenho falado pouco.
Tenho escrito várias páginas.
Tenho dormido muito, depois de dormir pouco.
Tenho dito nomes diferentes.
Tenho contado histórias que não são minhas, onde me vejo coadjuvante.
Tenho parado pouco pra pensar, estou pensando muito menos.
Tenho me visto, de um jeito diferente.
Tenho sonhado mais (inclusive acordada)
Tenho me importado menos.
Acho que ando vivendo mais.

sexta-feira, maio 6

Pequena nas mãos dele.

Pela primeira vez em anos, vi o quanto sou pequena nas mãos dele.
Senti uma sensação estranha quando ele pegou a minha mão, brincou entre meus dedos, e eu me deparei com o fato, de que eu podia me encaixar dentro das mãos de alguem.
Como eu posso ser assim tão pequena?
Aquela cena ficou em mim.
Me senti segura, por algumas horas, ví que nada podia me acontecer, porque quando ele estava com as mãos em mim, eu podia me esconder, ele me escondia.
Tão grande, e tão pequena! Ele me ensinou isso.