sábado, agosto 27

Aquela mancha na parede.

Desculpa se eu atirei aquele copo na parede, e se ela ficou manchada, e se os cacos foram difíceis de tirar do tapete. Mas você tem que me entender, eu não sou só um pedaço de carne.
Lembra aquele dia que eu me gabei dizendo que nunca chorava, por nada?! Desculpa, eu menti.
Eu vi a sua cara de desespero quando eu comecei a chorar, e quando eu comecei a chorar ainda mais depois de você tentar me abraçar... mas você devia entender, qualquer contato com algo que não fosse 'meu' naquele momento, só pioraria a situação.
Não sou boa nesse negócio de ir embora, nunca fui e nunca vou ser.
Eu minto, nem tudo que eu te disse foi verdade. Eu não senti tudo aquilo, e muitas vezes eu fingi não sentir nada.

Me desculpa se eu fiz algum plano, se eu esperei que você ligasse, se eu esperei que você mudasse. É que quando você disse que queria ficar comigo de verdade... eu acreditei.
Eu não queria ser a pessoa que sorri do nada por lembrar de algo que você fez ou disse, eu não queria ser a pessoa que dorme com as pernas em cima de você, eu não queria ser a pessoa que fez o café antes de te obrigar a levantar da cama, que te faz carinho de madrugada, que te abraça com o corpo todo.
A culpa é minha, eu sou idiota, eu só finjo que não espero nada de você, quando na verdade eu me submeti a tudo aquilo por acreditar que daria certo. Mas admita a sua parcela de culpa, foi você que apareceu na minha porta as 3 da manhã dizendo que queria que eu ficasse, que não queria me ver com ninguém... que sentia falta até das coisas que te irritavam em mim.

Vai ficar puto comigo mais uma vez depois que ver que eu continuo com a mesma mania de escrever, vai começar a pensar se aquelas coisas que eu escrevi mês passado foram de verdade, vai sentir ciumes e vai me fazer rir de novo. Vai me chamar de louca, eu vou jogar outro copo na parede. Ai então você vai me ligar no outro dia, e vai pedir eu ir até ai porque a mancha não sai e toda vez que você olha pra parede, lembra de mim. Você sabe que eu sou preguiçosa, um tanto manhosa, indecisa demais, apaixonada demais, por tudo e por todos. Eu me apego a pessoas, a situações, a palavras, músicas... tudo.

Só que dessa vez, quando você me chamar, eu não vou.
Porque eu já estou indo embora, e você não sabe mais me  segurar, ou talvez eu já esteja presa á outro lugar. Sei lá, eu só vou ficar longe até as coisas acalmarem.
                                                                                                                                                                         
                                                                                                                                                  Pic: http://brianmviveros.com/ vale a pena ver.

sábado, agosto 13

O homem da minha vida

És o homem da minha vida.
Em teus braços que pequena dormi, tú que me seguraste com carinho, cuidado, um pouco de medo, pai de primeira viagem, não vais esmagar a criança que chora a todo momento. Desejaste um menino que eu sei, mamãe já me contou, mas acabei por vir menina, desde que nasci tu percebeste... era mesmo a minha função contrariar-te.

Mas não me contradiga, sei que te conquistei desde a primeira vez que apertei teu dedo com a frágil mãozinha de menina boba, que tinha medo de trovões, de insetos e de ficar só. Medos sem sentido, hoje vejo que você jamais me abandonaria, jamais me deixaria só num banco de praça, dentro do ônibus, ou na porta do bar, naqueles dias em que parávamos para que tu tomasse sua cervejinha, enquanto a menina brincava nas mesas e se entupia de salgadinhos.

Há pai, eu lembro muito bem das noites com o violão, de você cantando, de nós, só nós dois, nós e as cócegas, da mãe que gritava a anunciar que o jantar estava na mesa. E todas as vezes em que eu fiquei mal, em que eu chorei, em que você não dormiu, em que você se preocupou, em que você só pensou em mim.
Pai, a gente cresce, é inevitável.
Sei que não me seguras mais, porém, eu ainda me encaixo bem no teus braços, no teu abraço, e pra esses braços, que eu vou voltar todas as vezes que esse mundo mau me machucar. Pai, eu sei que te causo mil problemas, mil preocupações, mas é a minha função, sou filha!
Ha pai, é tão mais fácil escrever, tão mais fácil que falar ou demonstrar... porque se eu fosse falar, ia me embaralhar, eu sempre me embaralho.
Pai, eu te amo, e você sabe disso, sempre soube, e sempre vai saber.

sábado, agosto 6

Um retrato meu.

Me ensina como faz pra esquecer?
Como faz pra esquecer aquele dia em que você apareceu do nada e bagunçou todos os meus planos?!
E pra esquecer aquela noite em que você me pediu pra ficar?! E todas as outras noites em que eu fiquei?!
E os dias em que você se recusou a me deixar ir?!
Como faz pra esquecer todas as merdas que a gente falou depois de beber demais?!
E aquela noite na qual você apareceu só pra me dar um beijo de despedida?! Eu chorei assim que fechei a porta.
Como faz pra esquecer o gosto de café e cigarro que eu não encontrei em mais ninguém?!
E pra esquecer os momentos em que eu escrevia em você o meu nome só pra te dizer "você é meu, meu nome está em você" e depois rir do meu mais sincero costume infantil?! (eu realmente acreditava naquilo)
E pra esquecer dos dias que te esperei?
Como faz pra esquecer os carinhos que ninguém mais sabe fazer, além de você?!
Pelo amor de Deus menino, você não devia ter feito isso comigo, não devia ter me dado tanto, não pode me tirar tudo o que me deu!
Só me ensina como faz pra não sentir falta.
Como faz pra esquecer teu nome?
Como faz pra esquecer todas as sensações que eu sinto com você, se eu ainda dou risada sem querer quando penso em nós dois?!
Antes de ir, me ensina como faz, ou se não, será obrigado a ficar.