quarta-feira, março 31

Viver pra dentro.

Eu, naquele fim de tarde, olhei com olhos vazios para a tela da tv. Muitas cores e formas passavam diante de mim, mais eu, confesso que nada vi. Levantei do sofá duro, foram uns 30 passos até a cozinha apertada, preparei o café, voltei para a tv, comi e o gosto não senti.
Pessoas chegavam na sala, animadas contavam seu dia, eu muda, escutava pra dentro, muito mais empenhada em ouvir as batidas do meu próprio coração. Em um vai e vem de pessoas e carros, aquele ritmo de cidade grande, eu andava como se não existisse tempo, hora marcada, até sentia pessoas esbarrarem em mim com suas caras preocupadas em não perder o primeiro ônibus, mas sentia de leve, um simples encontro de duas pessoas que provavelmente jamais se encontrarão novamente.
Passos lentos, respiração lenta, movimentos lentos, uma vida lenta, um ritmo próprio de ver, ouvir, e sentir.
Enquanto todos se empenham, eu não ligo, simplesmente não ligo, não preciso seguir essa ditadura de viver para se encaixar. Tenho minha própria visão desse mundo que você pensam conhecer, afinal de contas, eu moro em mim, e não em você.
Uma vida toda para dentro.




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